O voTTo em 2014
Passados alguns dias da corrida eleitoral de 2012, o panorama das urnas mostra alguns aspectos importantes a serem analisados para o próximo pleito, em 2014, quando a população escolhe deputados, senadores, governadores e presidentes. Esse texto é o primeiro de uma série de análises preliminares, a maioria com foco no cenário baiano, porém com reflexos – ou refletindo – conjecturas do cenário nacional. E, nesse contexto, o estreante em eleições, o PSD, do vice-governador Otto Alencar, ganha o espaço para “iniciar os trabalhos” d’O Foca.
Quem mora em Salvador já deve ter se deparado com carros adesivados com os dizeres “voTTO 55”. A referência, implícita, ao vice-governador é interessante, visto que ele está afastado das urnas há algum tempo – afinal, em 2010, o candidato era Jaques Wagner, ele era apenas o vice (referência a Samuel Celestino). Mesmo distante do corpo-a-corpo por votos, o ex-carlista saiu de 2012 como um dos grandes vitoriosos do cenário político baiano. Capitalizou 72 prefeituras e se tornou a segunda força no estado, atrás apenas do gran PT. Em entrevista à Tribuna da Bahia, Otto negou que essas prefeituras o catapultam para 2014. Mas a negativa é apenas para inglês ver. Ou apenas para o PT e o governador verem.
Político à moda antiga, Otto Alencar fez como muitos ex-aliados do falecido senador Antonio Carlos Magalhães, do PFL. Migrou para um partido da base aliada do governo federal, aproximou seus laços com lideranças petistas e acabou alçado a condição de vice-governador. Pela segunda vez, é importante lembrar. Foi vice na época de PFL e agora retornou ao posto ao lado de Wagner. Ficou com uma secretaria estratégica no relacionamento com os municípios, a Secretaria de Infraestrutura, e ajudou a fundar a sigla de Gilberto Kassab, mais uma dissidência do DEM do que uma nova legenda em si. E foi aí que sua musculatura tomou corpo para ameaçar o aparentemente tranquilo domínio do PT na Bahia.
Sim, Otto Alencar não é apenas um aliado de primeira hora. É uma ameaça discreta para os planos de controle político do PT pós-Lula. Não precisa ser uma analista político para perceber que o discurso do alinhamento aplicado pelo Partido dos Trabalhadores na campanha de Nelson Pelegrino em Salvador reflete o pensamento de parte dos integrantes da partido da presidente Dilma Rousseff e do governador Wagner. E, com a consolidação do PSD e suas 72 prefeituras, Otto Alencar é um fantasma que paira ante os pré-candidatos petista a sucessão do Palácio de Ondina. Caso não haja entendimento entre o PT e o PSD para 2014, uma virtual candidatura de Otto é um caminho pouco contornável. Com trânsito relativamente tranquilo por vários lados da moeda política, o presidente do PSD baiano é um aliado para se agradar. Ou seja, a ameaça fantasma é real.
Vice de novo provavelmente Otto não aceite ser. Talvez a vaga de senador – uma única em 2014 – reservada para o dirigente peessedista seja a última chance do PT conseguir emplacar a própria candidatura com apoio da agora segunda força no estado. Por isso os despretenciosos adesivos “voTTo 55” são mais do que uma análise primária. A questão de tentar arranjar o espaço para PSD é outro. É ter que, para ajustar essa equação, lembrar de outras siglas que cresceram também, vide PSB, PP e o PDT. Mas essas siglas serão temas de outros textos…
Veja também: PSB aparece como alternativa política
Na oportunidade existe a preferência! rs