PSB aparece como alternativa política
Em 12 de setembro, numa discussão com os jornalistas Thiago Ferreira e Yuri Almeida, levantamos o debate sobre o crescimento do PSB nas eleições 2012 e o fortalecimento da virtual candidatura de Eduardo Campos, presidente nacional do partido, já em 2014 ou apenas em 2018 para o Palácio do Planalto. Ainda sem números precisos – afinal os votos só serão contabilizados em 07 de outubro -, o dado concreto é que em duas capitais relevantes a legenda controlada por Campos lidera com amplas chances de vitória, Belo Horizonte e Recife. E em ambas contra candidatos da sigla responsável pelo último fenômeno de crescimento no cenário político, o PT, que ascendeu com a onda vermelha pós-2002. Nesse cenário, desenhado por linhas mais precisas por Fernando Rodrigues, do Uol, o PSB deve ocupar o espaço criado pela polarização PT e PSDB (somado ao DEM) e que nenhum outro partido decidiu ocupar. É interessante explicar a lógica dessa análise.
No cenário político brasileiro pelo menos três siglas podem chamar para si o título de legendas nacionais: PT, PSDB e PMDB. Os três partidos dominam a representação nas Casas Legislativas do Planalto Central e detêm o controle de um número razoável de prefeituras – dos mais variados tamanhos. O PMDB, apesar de não aparecer na polarização usual, ainda consegue ser o maior dentre esses. E é um partido camaleônico. Está ao lado de quem está no poder. Foi assim na era FHC. Foi assim na era Lula. E está assim na era Dilma. Os projetos petista e tucano dispensam apresentação. Basta verificar a polarização recorrente nas eleições presidenciais de 1994 até 2010. Esses três fecham, por si, o núcleo de controle político de decisão brasileiro.
Recém-criado, o PSD acabou se transformando numa versão reduzida do PMDB. Vê-se, por exemplo, nos casos de São Paulo e Salvador, que a propagada independência de Gilberto Kassab é, na verdade, uma adaptação ao momento político. Na capital paulista, Kassab apóia o PSDB que o ajudou a ser eleito pelo DEM. Na Bahia, o PSD foi o primeiro partido a declarar apoio oficial ao candidato do PT. Em outras palavras, o projeto não apresenta uma consistência enquanto construção de identidade – pelo menos na eleição de estreia.
O DEM, que outrora era uma representação extremamente significativa (nos tempos do PFL), vive uma crise que parece interminável. Primeiro o escândalo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal. Depois foi Demósthenes Torres e a queda do “baluarte da moralidade”. Por fim, luta contra tudo e contra todos para conseguir uma ou duas prefeituras relevantes – leia-se Salvador e Fortaleza. E, ainda assim, assemelha-se a um órgão vestigial, imbricado com o PSDB.
Nesse bojo, o PSB começa a ocupar o espaço de centro deixado pela polarização entre PT e PSDB/DEM. Espaço não ocupado por PMDB e PSD, que preferem ser “adesistas” ao governo – ou governistas, num linguajar mais corriqueiro. Não que o PSB não siga uma linha similar. É também um partido que se “gruda” a quem está no poder. Vide os planos nacional e baiano. Eduardo Campos, entretanto, deixou claro que, diferente do PMDB e do PSD, não se dobra fácil aos indicativos do PT. Em BH, Patrus Ananias é o candidato de Dilma Rousseff. Em Recife, Humberto Costa é o candidato de Lula. E ainda assim, o herdeiro de um político emblemático de Pernambuco como Miguel Arraes comprou briga.
E, para quem acha que ele não está ganhando força, é bom lembrar que a mãe dele se tornou conselheira ministra do Tribunal de Contas da União num embate envolvendo todas as forças políticas do Brasil. Será que os pernambucanos caminham para um segundo presidente da República num curto espaço de tempo?
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