Ofensiva de Campos aponta dificuldade de formar chapa na BA

Tendo como justificativa a discussão da formação de chapas proporcionais das eleições de 2014, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, reuniu na segunda-feira líderes da sigla dos seis maiores colégios eleitorais do Brasil, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Bahia, para montar o que a imprensa apelidou de “Ofensiva Eduardo”. Apesar de chapas majoritárias não estarem em primeiro plano do encontro no Recife (PE), a temática não foi descartada. O resultado da reunião, no entanto, evidenciou a fragilidade do PSB em compor a chapa de deputados federais no Rio e na Bahia e, nas entrelinhas, da construção de palanques próprios em algumas unidades da federação.

De acordo com o secretário-geral socialista, Carlos Siqueira, o assunto da proporcional foi a tônica da reunião, que teve a presença da presidente do PSB baiano, senadora Lídice da Mata. O resumo do encontro classificou a Bahia e o Rio como “os que precisam de mais reforço” para que o PSB atinja a meta de crescer a bancada na Câmara Federal de 39 representantes para 50. Nesse caso, a candidatura baiana precisa obter o êxito de pelo menos um deputado federal eleito – Domingos Leonelli, o mais votado nas eleições de 2010, ficou fora da Câmara por conta do chamado “chapão”. Em 2014, há a perspectiva de uma candidatura mais independente e com nomes como o do deputado estadual Capitão Tadeu e o atual suplente do parlamento nacional, Bebeto Galvão.

A situação é diferente no Rio, que perdeu seu principal puxador de votos, o ex-jogador Romário, e deve buscar reabilitação para manter duas vagas na próxima legislatura. A saída do parlamentar da legenda – antes Romário era cotado para ser candidato a senador ou governador pelo PSB – sinalizou que é necessário preparar bem as candidaturas a deputado federal para evitar novas debandadas. Por isso foi montada uma comissão especial para acompanhar a construção da candidatura nas eleições proporcionais. “Eles [membros da comissão] estão cuidando disso: animar pessoas, companheiros que já foram vereadores e que vão ser candidatos a deputado. Ao lado disso, eles vão fazendo o mapeamento dos cenários de eleição majoritária nos Estados para, quando chegar em janeiro, a gente já ter esse trabalho feito”, afirmou Campos. “Não tomamos decisão nem abrimos esse debate (candidatura a presidência). Foi um foco disciplinado na proporcional. Listamos pessoas que devem ser contactadas, companheiros que por ser estimulados a sair candidato”, assegurou o governador.

Construção de palanques fortes é defendida

Principal expoente do PSB na Bahia – com mais de 3,3 milhões de votos para senadora -, Lídice da Mata assegurou, em diversas oportunidades, que é pré-candidata ao governo da Bahia, independente da candidatura de Eduardo Campos ao Palácio do Planalto. Nos bastidores, no entanto, é sabido que uma eventual tentativa de vôos mais altos de Campos obrigaria a senadora a construir um palanque, mesmo que isso signifique o rompimento político com o atual governador Jaques Wagner.

Foi nesse tom que o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), defendeu a construção de palanques sólidos para apoiar a tentativa de Campos atingir a presidência da República. “Não interessa ter palanques fracos nos Estados para dizer que são nossos. O que interessa é a candidatura do Eduardo. A candidatura dele não será demarcação de espaço nem para fazer o partido crescer, já crescemos, já temos nosso espaço”, disparou. Para ele, “a candidatura é para ganhar eleição e conduzir um novo ciclo político-econômico diante de um ciclo que, é claro, está se acabando”.

Mesmo aparentando ser uma voz isolada, Albuquerque teve apoio – ainda que pouco claro – do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e do deputado federal Julio Delgado (PSB-MG). Procuradas, as lideranças da sigla na Bahia não foram localizadas para comentar as declarações. Apenas o secretário-geral do partido no estado, Rodrigo Hita, respondeu aos telefonemas. “Temos alguns pré-candidatos a deputado e o objetivo é ampliar a bancada. A senadora Lídice pediu que convocasse a executiva estadual para debatermos o resultado da reunião e, por enquanto, não posso falar sobre o assunto”, tangenciou Hita.

*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 21 de agosto de 2013

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