Vereadores tentam achar saída para a ocupação da Câmara pelo Passe Livre
Doze dias e seis sessões suspensas depois, uma comissão formada pelo presidente do Legislativo soteropolitano, Paulo Câmara (PSDB), pelos líderes de governo e oposição, Joceval Rodrigues (PPS) e Gilmar Santiago (PT), respectivamente, e pelo independente Hilton Coelho (PSOL) tenta uma saída negociada para pôr fim à ocupação da Câmara de Salvador por integrantes do Movimento Passe Livre (MPL). nessa quinta-feira (1/8), o grupo esteve em reunião com o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Cícero Monteiro, e o secretário municipal de Urbanismo e Transportes, José Carlos Aleluia, para apresentar as reivindicações dos manifestantes que ocupam o Plenário Cosme de Farias desde o último dia 22 de julho.
“Estamos abertos para o diálogo e criamos esta comissão de vereadores para resolver os impasses. Concentramos os nossos esforços neste sentido e estamos encaminhando as reivindicações do Movimento Passe Livre ao governo estadual e à prefeitura, instâncias que, de fato, podem atender aos pleitos”, assegurou o presidente do Legislativo. Nos bastidores circula a informação de que ele é uma das resistências em utilizar o plenário para realizar sessões enquanto o movimento permanecer na Câmara. Outros vereadores, no entanto, também engrossam o coro e, por enquanto, ainda não existe a perspectiva de solucionar o impasse. “Pensaram até em fazer a sessão no Centro de Cultura”, afirmou um edil em reservado.
No encontro com o governo do estado, os vereadores ouviram, mais uma vez, a predisposição do governador Jaques Wagner em debater os temas levantados pelo MPL. Segundo o secretário Cícero Monteiro, Wagner continua aberto ao diálogo. Foi destaque ainda os esforços por parte do governo para realizar obras que devem repercutir diretamente na melhoria da mobilidade urbana, uma das principais bandeiras levantadas pelas manifestações populares. O titular da Sedur citou também o metrô e os corredores transversais como algumas das contribuições do governo. Pouco otimista, Carlos Martins, presidente da Companhia de Transportes de Salvador (CTS), também presente ao encontro, considerou a proposta tarifa zero no trem suburbano como uma “contribuição para a ineficiência do sistema”. Segundo ele, a tarifa de R$ 0,50 da passagem ajuda a cobrir custos emergenciais.
Prefeito vai analisar encontro
Reivindicação antiga do Movimento Passe Livre (MPL), o encontro entre o prefeito ACM Neto e integrantes do grupo começa a ser negociado pelo líder do governo e pelo secretário de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia. De acordo com ambos, vai haver uma consulta ao chefe do Palácio Thomé de Souza para que representantes do MPL possam fazer uma reunião prévia com ele antes da próxima audiência pública agendada para o próximo dia 09 de agosto, tendo como pauta as demandas apresentadas.
O encontro, realizado na tarde dessa quinta-feira (1/8), tentou encontrar um denominador comum para desocupar a Câmara de Salvador, um esforço concentrado dos vereadores. Caso ACM Neto acate um encontro, a comissão vai aguardar a escolha de representantes do MPL para tentar auxiliar na intermediação com o Executivo. De acordo com o líder do governo, Joceval Rodrigues (PPS), “o prefeito nunca se negou a discutir as reivindicações com o movimento” e ainda está disposto a conversar.
“O Executivo tem demonstrado que está disposto a discutir todos os pontos da pauta. Alguns pontos, inclusive, já foram atendidos, como a desoneração da tarifa, com projetos como o Domingo é Meia e o Bilhete Único”, defendeu Rodrigues. Da reunião com Aleluia, a avanço foi a sugestão do secretário para a criação de um Plano Municipal de Mobilidade Urbana, a partir da realização de uma série de conferências na capital baiana.
*Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 02 de agosto de 2013