João Gualberto sinaliza afastamento dentro da oposição
Até então um ilustre desconhecido fora da Região Metropolitana de Salvador, o ex-prefeito de Mata de São João, João Gualberto (PSDB), sinalizou ontem, em entrevista à rádio Tudo FM, que não trabalha com a hipótese de ser candidato a vice-governador numa chapa majoritária encampada pela oposição. “Eu não sou candidato a vice de ninguém. Eu sou candidato a governador do estado da Bahia pelo PSDB”, frisou Gualberto em provocação ao questionamento se seria candidato a vice tendo como cabeça o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Para Gualberto, o leque para compor uma união das oposições, conforme esforça-se para sugerir Vieira Lima, não inclui o PMDB. “Acho que o DEM, o MD e o PV devem estar conosco”, assegurou o tucano. Sua fala, no entanto, esquece de outras legendas, como o PMDB e o PTN, que marcharam com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), durante o segundo turno das eleições 2012.
Apesar de se colocar como candidato – e ter sido apresentado como pré-candidato pelo PSDB -, o ex-prefeito admite que outros nomes da oposição, como ACM Neto ou o ex-governador Paulo Souto, aparecem melhor pontuados em sondagens de opinião. Ainda assim, Gualberto mostra que há espaço para ascensão de outros nomes e, mais uma vez, evita falar o nome de Geddel. “Ninguém vai chegar em junho do próximo ano, é a expectativa, com mais de 5% ou 6%”, avaliou o tucano.
Gualberto negou, enfaticamente, que esteja tentando se capitalizar para outros vôos que não o Palácio de Ondina. “Algumas pessoas até falam se eu estou querendo me cacifar para deputado, para fazer parte da chapa majoritária. O desejo do PSDB é ter candidatura própria. Nós temos um candidato competitivo ao governo federal, que é o Aécio [Neves] e na Bahia nós vamos fazer com que o PSDB tenha um candidato próprio”, assegurou. E, para se cacifar para ser o nome do partido para a candidatura, ele usa como exemplo a administração à frente de Mata de São João e a condição de “conduta ilibada” na vida pública e privada.
Defensor ferrenho de uma candidatura do PSDB no plano estadual para acompanhar o cenário nacional, Gualberto evita falar mais abertamente sobre as composições para 2014. Nos bastidores, entretanto, o montagem de um palanque tucano na Bahia serve para assegurar um espaço para a candidatura de Aécio, que poderia ser limado do processo caso o PMDB encabece a chapa das oposições.
Eleição será plebiscitária
Na avaliação de João Gualberto (PSDB), o pleito de 2014 servirá como teste para o modelo de administração atual, liderado pelo governador Jaques Wagner. Segundo ele, “as pessoas vão escolher quem quer continuar com o governo do PT e quem quer uma proposta diferente, uma proposta nova, pessoas que já foram experimentadas na vida pública, na vida privada”. “Vai ser uma eleição com uma agenda plebiscitária entre quem quer continuar com esse governo e quem quer uma coisa nova”, defendeu o ex-prefeito de Mata de São João.
O tucano admite existir a força da máquina estadual, porém insinua que, não necessariamente, os prefeitos que atualmente figuram como parte da base aliada do governo estadual podem continuar com a mesma postura no próximo ano. “Eu tenho visitado várias cidades e conversado com vários prefeitos, que em tese fazem parte da base aliada do governo Wagner, que não vão votar com ele”, sugeriu Gualberto.
“Os prefeitos se elegem pelo PSDB, por partidos da oposição, e depois se aliam com partidos da base aliada, mas na verdade eles estão obrigados a conseguir algum recurso para o seu município”, completou o tucano. Segundo ele, a justificativa é que os gestores municipais estão “com medo desse governo que se fala republicano”.
Para se situar como um bom nome para o pleito de governador, Gualberto insiste na tese de que “muitos prefeitos, muitos vereadores, muitas lideranças que estão na legenda de partidos da base aliada e, com certeza, não vão votar neles”. O resultado da avaliação dele, entretanto, caberá às urnas.
*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 21 de junho de 2013