Geddel critica prioridades do governo do estado
Atualmente posicionado como principal porta-voz da oposição na Bahia, o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, voltou a questionar as prioridades elencadas pelo governo do Estado em meio aos investimentos para sediar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. “Terá sido prioridade do estado da Bahia comprometer nos próximos 15 anos nosso orçamento em R$ 100 milhões ao ano, o que vai dar ao final R$ 1,5 bilhão de contrapartida pública, para construção da Arena Fonte Nova?”, criticou o também presidente estadual do PMDB. Em palavras amenas, ele sugeriu que o governo escolheu prioridades distintas da expectativa da população.
“O governo poderia ter construído barragens – o que não fez durante a atual administração. Poderia ter investido em saúde pública, poderia ter construído mais creches, o que não está acontecendo no ritmo que deveria”, sinalizou o peemedebista ao ser instado a responder quais seriam os temas básicos que deveriam balizar a atuação do governo estadual. “As prioridades são outras”, avalia Geddel, frisando que, apesar das críticas começarem a fazer parte do cotidiano dele, aos poucos elas começam a tomar forma também em outras pessoas. “Não estou falando novidades. Estou fazendo uma constatação”, assegurou o ex-ministro.
O tom ácido de Geddel não é desconhecido, entretanto, parte das suas falas encontra eco nas recentes mobilizações realizadas em todo o país e que nessa segunda-feira (17/6) desembarcaram com mais força em Salvador. “É importante que a sociedade esteja engajada. O povo tem que ir para as ruas. Nas democracias avançadas, como a França, a população sempre vai para as ruas para se manifestar. É uma coisa que a gente já se desacostumou, o que não deveria acontecer”, sugeriu o peemedebista. “O que era estranho era no Brasil não haver manifestação. Se você ligasse o jornal à noite, via manifestações no mundo todo. No Brasil, a ideia de que era tudo muito tranquilo o tempo todo. Tanto que diziam que no Brasil não tem vulcão, não tem terremoto e também não tem manifestação”, completou.
Postulante ao Palácio de Ondina, o peemedebista mantém o discurso crítico ao governo do Estado como principal bandeira de movimentação política. Ex-aliado do governador Jaques Wagner – o rompimento aconteceu antes da eleição de 2010 -, Geddel é citado como nome forte da oposição na corrida pelo governo da Bahia em 2014.
Aliança é natural, avalia
Defensor da união das oposições para as eleições do próximo ano, Geddel Vieira Lima não se mostrou surpreso com a aproximação entre o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o governador Jaques Wagner (PT). De lados políticos diametralmente opostos, os chefes dos Executivos soteropolitano e baiano têm ensaiado o entendimento em temas relevantes para a capital baiana, o que tem desagradado aliados de ambas as partes. Esse, entretanto, não é o caso do presidente estadual do PMDB.
“Eu não tenho reparo a fazer nessa relação do governo de ACM Neto, acho que tem que ser natural”, avaliou ao peemedebista. Geddel classifica o processo como “uma coisa absolutamente natural”. “Se a gente parar para ver as democracias evoluídas, é que governantes de outros partidos possam ter um entendimento administrativo correto, tranquilo… Isso existe em qualquer lugar do mundo”, completou.
O tom ponderado, todavia, não estancou o arroubo do peemedebista em alfinetar a postura do governo estadual durante as eleições de 2012, em que o PMDB ingressou nas alianças de apoio ao candidato vencedor nas urnas, ACM Neto, contra Nelson Pelegrino (PT), apoiado pelos partidos que compõem o arco de alianças do governo estadual.
*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 18 de junho de 2013