Aliados de Gabrielli reafirmam pré-candidatura como sucessor de Wagner
Setores do PT ligados ao secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli, reagiram rapidamente frente aos rumores que a pré-candidatura dele ao governo do estado começava a perder fôlego – e reforçaram a manutenção dele na disputa. Fontes próximas ao ex-presidente da Petrobras sugerem que existe um processo interno em curso que entremeia as especulações acerca da candidatura do titular do Planejamento e o Processo de Eleição Direta (PED), que escolhe em novembro o próximo presidente do PT na Bahia. “Atualmente existem duas CNBs na Bahia”, aponta o interlocutor em reserva, explicando certo acirramento dos ânimos dentro de uma única tendência petista no estado da Bahia.
A informação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria abandonado a candidatura do companheiro de longa data também foi rechaçada. Outro interlocutor, também relacionado com a corrente que mantém o apoio a Gabrielli, aponta que recentemente o ex-presidente teve um encontro com o titular do Planejamento e reafirmou, em reserva. Para Lula, a movimentação dele deve permanecer pelo estado para que sua candidatura esteja entre as viáveis dentre as quatro opções consideradas pela sigla – que incluem, além de Gabrielli, o secretário da Casa Civil, Rui Costa, o senador Walter Pinheiro e o ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano. “Lula não fez menção a retirar apoio. Pelo contrário, reafirmou seu empenho”, assegura uma das fontes consultadas pela reportagem.
A pré-candidatura do antigo dirigente da Petrobras mantém fôlego a partir, principalmente, da articulação e proximidade dele com a direção nacional do PT, cujo presidente Rui Falcão garantiu liberdade para continuar sendo trabalhada. Afora a boa performance de Gabrielli junto aos caciques da sigla no Brasil, segundo apuração da reportagem, pelo menos nove membros da executiva da legenda na Bahia caminham com ele, desenhando que, internamente, o titular da Seplan está bem cotado para ser candidato à sucessão de Jaques Wagner.
“O grande problema é que existe um grupo de pessoas, dentro do partido que querem misturar as coisas. PED é uma coisa. Candidatura é outra”, sugere a fonte, preferindo não mencionar os nomes dos envolvidos no processo de disputa interna pelo controle da sigla na Bahia, atualmente comandada por Jonas Paulo. Pelos bastidores, entretanto, corre a informação que o esforço vem do setor do PT ligado a um dos atuais dirigentes da legenda, que tenta se catapultar à presidência. “Antecipando 2014, eles aceleram o PED e conseguem chegar ao controle da legenda”, avalia um dos integrantes da executiva baiana.
Para os petistas, porém, o momento é outro. “Dentro do governo, o discurso e a prática é que 2013 é um ano de trabalho. Vamos nos concentrar nisso e 2014 será discutido no tempo certo”, completa um membro da alta cúpula do partido na Bahia. E a afinação das falas se repete em todos os setores do PT, sejam ligados a Gabrielli ou aos outros pré-candidatos. “O PT vai ter o candidato ao governo e não haverá disputa interna. O governador vai escolher o candidato. Ele não é o fiel da balança, ele é a balança que vai definir o nome do partido para as urnas”, sugere o interlocutor.
Mesmo havendo movimentos diversos da legenda, ninguém considera o recrudescimento de qualquer uma das candidaturas lançadas até o momento. “A recomendação para todos é não acirrar as disputas. Vamos caminhar e discutir até o momento certo”, aponta um petista de alto calibre. Procurado para comentar o processo eleitoral, Gabrielli optou por não conversar sobre o assunto. Já o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, não foi localizado.
*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia dos dias 20 e 21 de abril de 2013