João Henrique fica inelegível até 2021
Nenhuma articulação de bastidor conseguiu reverter a confirmação de que o ex-prefeito João Henrique (PP) se tornou inelegível para as próximas quatro eleições. Com apenas 25 dos 29 votos necessários para aprovar as contas do exercício 2010 do antigo prefeito, a situação política de JH, já complicada desde a rejeição das contas de 2009, numa conturbada sessão em dezembro do ano passado, tornou-se ainda mais delicada. O resultado da votação de ontem, na Câmara Municipal, quando 18 vereadores optaram por acompanhar o parecer negativo do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), colocou uma pá de cal sobre a sepultura política sem intervenção jurídica do ex-prefeito. Ainda assim, edis ligados a João Henrique celebraram os surpreendentes 25 apoios, que não eliminam a inexigibilidade dele até 2021.
“João Henrique é o maior líder político de Salvador”, esbravejava Geraldo Júnior (PTN), comemorando o que ele chamou de “vitória” do ex-prefeito. A expressiva votação não livra o ainda progressista JH de ficar longe das urnas, porém, como avaliou seu principal interlocutor na atual legislatura, mostrou que, mesmo fora do poder, há certa força política dele no cenário local. Ainda assim, a equipe jurídica de João deve se debruçar para reverter a condição de inelegível até 2021. Geraldo Junior e seu correligionário Kiki Bispo foram os únicos a se manifestarem publicamente favoráveis ao ex-prefeito. O gosto da “vitória”, entretanto, não foi tão doce quanto a expectativa dos “henriquistas”, como se auto-identificaram os vereadores ligados ao antigo titular do Palácio Thomé de Souza. Para Bispo, o resultado pareceu surpreendente para a oposição, mas estava próximo ao previsto pelos defensores do ex-prefeito. “Entramos esperando uma vitória apertada, mas aceitamos votar por acreditar que iríamos obter a aprovação das contas. Ninguém entra numa disputa como essa para perder”, avaliou. De acordo com a citação dele, verifica-se que pelo menos quatro vereadores descumpriram as promessas de voto e ficaram entre os 18 edis que acompanharam o parecer pela rejeição das contas.
Conforme apontado pelo presidente do legislativo, Paulo Câmara (PSDB), a matéria foi a primeira coisa a ser apreciada ontem na Câmara – e, ao final, a única. Um requerimento do vereador Léo Prates (DEM), vice-líder do governo, trouxe as contas para o topo da lista da pauta de votações e, em menos de uma hora, o resultado foi proclamado pela mesa diretora. Então, houve o movimento de esvaziamento do plenário, numa tentativa de derrubar o quórum e a sessão. Diante de protestos dos vereadores Edvaldo Brito (PTB) e Aladilce Souza (PCdoB) – que chamou os colegas de parlamento de covardes por se ausentarem após a rejeição das contas -, parte dos edis retornaram ao plenário para ouvir 21 vereadores declararem votos acompanhando os pareceres do TCM e da comissão temática da Casa. Nesse ponto, os números não bateram. “Na política, a matemática é diferente da aritmética normal”, protestou Silvio Humberto (PSB).
Conta de mentiroso – Se pelo lado de João Henrique apenas dois vereadores manifestaram apoio, 21 fizeram questão de apontar na tribuna que se posicionaram contrários ao ex-prefeito. Em ordem de pronunciamento, Duda Sanches (PSD), Fabíola Mansur (PSB), Arnando Lessa (PT), Aladilce Souza, Waldir Pires (PT), Hilton Coelho (PSOL), Everaldo Augusto (PCdoB), Gilmar Santiago (PT), Henrique Carballal (PT), Joceval Rodrigues (PPS), Soldado Prisco (PSDB), Edvaldo Brito, Ana Rita Tavares (PV), Silvio Humberto, Marcell Moraes (PV), Suíca (PT), Moisés Rocha (PT), Vado Malassombrado (DEM), Heber Santana (PSC) e Paulo Câmara (PSDB) manifestaram-se acompanhando o parecer do TCM. Alertado por companheiros da bancada da minoria, J. Carlos (PT) também decidiu apresentar sua posição.
* Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 18 de abril de 2013