Vereadores aguardam laudo oficial do DPT sobre incêndio na Secult
Dois meses após o fatídico incêndio que destruiu parte do centenário Solar Boa Vista, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Secretaria de Segurança Pública (SSP) encaminhou ontem o laudo pericial do incidente a Secretaria Municipal de Educação (Secult), imputando a causa das chamas a “um fenômeno termoelétrico do tipo curto-circuito”. Apesar de tratado sob a temática da segurança pública, o incêndio acabou tendo conotação política a partir de questionamentos de que o fogo, no dia 03 de janeiro, destruiu documentos importantes da pasta, que funcionava no prédio. Para a comissão suprapartidária criada na Câmara de Salvador, entretanto, o assunto não está completamente encerrado. Resta ainda a recepção oficial do laudo, atendendo ao requerimento dos vereadores Gilmar Santiago (PT), Fabíola Mansur (PSB) e Everaldo Augusto (PCdoB).
“Essa notícia não foi formalizada à comissão suprapartidária criada na Câmara para acompanhar as investigações. Nós fizemos um requerimento oficial e estamos aguardando a resposta da Secretaria de Segurança Pública. Vamos solicitar uma audiência com o secretário Maurício Barbosa para obter mais detalhes sobre o lado”, afirma a vereadora socialista. Segundo ela, não é admissível que se antecipe qualquer opinião antes de ter acesso aos documentos. “A população quer e precisa ouvir o que a comissão apurou”, aponta Fabíola. No dia seguinte ao ocorrido, a socialista e um grupo de vereadores de diversas legendas estiveram com o secretário de Educação, João Carlos Bacelar, para iniciar o trabalho de acompanhamento das investigações. “Criamos uma comissão suprapartidária, não de oposição, mas houve o abandono dos vereadores da base do governo. Esperávamos que todos estivessem unidos para fiscalizar”, criticou Fabíola.
A conotação política do incêndio partiu de indicativos de vereadores de oposição, como o petista Henrique Carballal, que sugeriram, nas entrelinhas, que as chamas tinham intenção de apagar vestígios de eventuais irregularidades na Secult. Desde o primeiro momento, porém, o titular da pasta e então presidente estadual do PTN negou essa hipótese. “Eu nunca prejulguei se era criminoso ou não. Apenas fiquei triste pelo prejuízo ao patrimônio histórico na nossa cidade. O laudo encerra, da minha parte, qualquer especulação sobre o incêndio”, frisou Bacelar. “Agora temos que levantar a discussão sobre a conservação dos prédios históricos de Salvador”, completou.
*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 05 de março de 2013