Políticos saem em bloco no cortejo do Bonfim para um teste de popularidade

Enquanto parte dos baianos aguarda o carnaval para desfilar em blocos, é na tradicional lavagem do Senhor do Bonfim que os partidos políticos usam o trajeto entre a Conceição da Praia e a Colina Sagrada para sair em cortejo. Os objetivos, travestidos na religiosidade pagã da festa, são testar a popularidade e verificar como a população< recebe os atores do cenário político – prévias das urnas a cada eleição. E, sem a presença de um dos protagonistas – o governador Jaques Wagner está em viagem à China -, aliados e oposicionistas buscam ocupar a ausência do líder do Executivo.

De boas lembranças recentes da festa do Bonfim o DEM pode falar. Segundo o presidente estadual da sigla, Paulo Azi, foi na caminhada de 2012 que o atual prefeito de Salvador, ACM Neto, percebeu “um apelo popular forte pela candidatura”. “Durante a campanha, ACM Neto dizia que a candidatura dele nasceu nas ruas. E o Bonfim foi um marco, foi o primeiro passo”, relembra Azi. Até a subida à Colina Sagrada, Neto discutia com a oposição uma “união”, que caiu por terra meses depois. Em 2013, após seis anos longe, o DEM volta a puxar um bloco de governo na festa. Da utopia da oposição unida nasceu ainda aquele que deve ser o bloco mais forte da oposição nos últimos anos, com adesão de siglas como PSDB, PPS e o PMDB.

“Vamos acompanhar o bloco da situação, é claro”, assegura Lúcio Vieira Lima, presidente estadual do PMDB. Segundo ele, o Bonfim não é termômetro, “até porque a temperatura em Salvador é alta por natureza”. Porém, a menos de dois anos das eleições estaduais e com projeto de candidatura própria, os peemedebistas vão para o cortejo com o nome de Geddel Vieira Lima como sério postulante ao Palácio de Ondina. Lúcio, entretanto, evita falar do assunto. “Para mim e para o PMDB é uma festa religiosa, que sempre participamos. Mas alguns políticos interpretam como um termômetro de popularidade, tanto que o governador resolveu ir para a China para evitar o contato com o povo”, provoca o dirigente.

Governo estadual

Sem Wagner, é na ala do governo que pululam potenciais sucessores do governador. Substituto temporário, Otto Alencar (PSD), sai na frente na disputa por atenção, mas Marcelo Nilo (PDT) e Rui Costa (PT) também participam do bloco do governo, um com forte apoio do partido e outro sem os adversários internos José Sérgio Gabrielli – também na China – e Walter Pinheiro, que não participa dos festejos.

“Essa é a hora que o político se apresenta para a população e vê como está a aceitação dele”, admite o dirigente pedetista, Alexandre Brust. Segundo ele, estampados com a camisa “PDT – bom fim só com educação”, deputados e lideranças da sigla estarão na caminhada de apoio a Nilo, único candidato que se mostra como tal na ala governista.

No PT, apesar de Rui Costa estar com o bloco na rua, o partido prefere não falar em candidaturas. “O PT sempre participou do Bonfim, com os movimentos sociais, com as charangas e com seus militantes. Com a ausência do governador, nosso bloco vai ter mais deputados e lideranças do partido”, aposta Jonas Paulo, presidente estadual da legenda. “Governo é governo, PT é PT”, frisa ainda. O recado é nas entrelinhas. Por enquanto, os petistas ainda não têm candidato.

*Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 17 de janeiro de 2013

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