Aliados dizem que Jaques Wagner precisa deixar uma marca no governo
Seis anos após a posse do primeiro mandato como governador, Jaques Wagner enfrenta uma série de desafios para firmar seu nome no rol dos grandes estadistas. Apesar de não admitir estar entre os melhores governadores da Bahia – em dezembro, Wagner afirmou à Tribuna que não é historiador, apenas um governador preocupado com o bem-estar da população –, há uma preocupação latente dele e da base por assegurar o legado dois oito anos do governo do PT no Palácio de Ondina.
Para o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, os dois últimos anos da administração de Wagner no estado devem ter destaque pela consolidação do que ele chama de “marcas do governo do PT no Brasil e na Bahia”. Segundo o dirigente, os investimentos em políticas sociais, a maior participação da sociedade nos debates para a construção do estado e o envolvimento de conselhos setoriais e movimentos sociais, implantados no Brasil após a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serão os principais desafios do governador.
“Há uma compreensão que devemos consolidar o nosso governo. Estamos concluindo um ciclo de gestão e temos que consolidar as marcas da mudança do PT”, afirma o petista, sem esconder que a administração estadual, na opinião do partido, deve buscar estreitar as relações com grupos setoriais da sociedade, como entidades de classe e formadores de opinião.
Apesar de não falar abertamente sobre o assunto, o secretário estadual de Comunicação, Robinson Almeida, admitiu em entrevista à rádio CBN o indicativo para priorizar secretários técnicos em detrimento dos políticos, por uma recomendação do governo federal – a reforma do secretariado ficou para o retorno de Wagner da China na próxima semana.
As falas dos petistas confirmam, indiretamente, que ajustes são necessários para construir o sucessor do PT ou da base no governo estadual. Alexandre Brust, presidente estadual do PDT e aliado político, considera que é preciso equilibrar perfis técnicos e políticos na máquina estadual para atingir o resultado esperado. “O melhor gestor é o ‘tecnolítico’, ou seja, um bom administrador com grande sensibilidade política. Temos excelentes gestores e excelentes políticos, falta encontrar pessoas que congreguem as duas qualidades”, avalia Brust, num tom semelhante ao do secretário de Comunicação. Para a oposição, Wagner tem outras dificuldades além das citadas pelos aliados.
“O grande desafio do governo é iniciar o governo. Os projetos que tem aí estão há algum tempo apresentados. Se transformar o sonho das propagandas em realidade, o governo consegue reverter o quadro a favor dele”, critica Lúcio Vieira Lima, presidente estadual do PMDB. Paulo Azi, dirigente do DEM, também aponta que o equilíbrio entre técnicos e políticos é uma necessidade da administração pública.
*Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 15 de janeiro de 2013