Clima amistoso marca encontro de Neto e Dilma
O velório do arquiteto Oscar Niemeyer no Palácio do Planalto apenas atrasou a reunião entre a presidente Dilma Rousseff, o governador Jaques Wagner e o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM) ontem. Começando duas horas após a previsão inicial, o encontro foi tratado como “extraordinário” pelo futuro prefeito, que relatou à Tribuna que o intuito firmado pelas três instâncias de governo é beneficiar a população de Salvador.
“A reunião durou 1h20 e o ambiente foi altamente colaborativo. A presidente mostrou real interesse em ajudar e trabalhar pela cidade e trabalhar. Quem vai ganhar com esse ambiente é Salvador”, resumiu o democrata. Com agenda bem apertada – o vôo de volta para a capital baiana estava programado para pouco depois da conversa com Dilma, o futuro prefeito afirmou ter ficado impressionado com a receptividade da presidente, após o encontro articulado pelo governador da Bahia. Wagner e Neto já haviam se encontrado anteriormente no último dia 20 de novembro e a perspectiva, há até poucos dias, é que a reunião com a líder do Executivo federal acontecesse apenas após a posse do democrata, no dia 1º de janeiro.
O relacionamento cordial entre os governos estadual e municipal era esperado desde a divulgação do resultado oficial da eleição, quando Wagner afirmou que o prefeito eleito teria o apoio do Palácio de Ondina para desenvolver projetos que beneficiem a capital baiana. E a mesma postura havia sido sinalizada por Dilma, porém o encontro de ontem consolidou essa expectativa. “As divergências não vão obstruir o que Salvador merece receber”, garantiu o governador após a audiência.
Wagner tratou o encontro como “uma conversa madura”, cuja intenção é trabalhar com harmonia entre as instâncias federal, estadual e municipal. “Conversamos sobre diversos temas da cidade, como a Copa do Mundo, a infraestrutura, orla, habitação popular, mobilidade urbana e saúde”, informou ACM Neto. Entre os assuntos da extensa pauta estava o levantamento do futuro prefeito de que a terceira maior cidade do país necessita de recursos da ordem de R$ 750 milhões. De acordo com o governador, existe disposição para acelerar os entendimentos, citando que “o que é bom para o Estado, é bom para Salvador” – uma amostra indireta de que a prefeitura carece do apoio do governo estadual para agilizar projetos e programas para a cidade. O chefe do Executivo baiano assegurou ainda que a audiência serviu para selar um pacto entre as três esferas governamentais para o melhor para Salvador.
Apesar de uma tensão inicial sobre quem seria responsável pela interlocução do prefeito da capital baiana e a presidente Dilma – informações preliminares apontaram a aproximação com o vice-presidente Michel Temer nesse sentido -, ACM Neto destacou ontem o papel de Wagner no processo de aproximação em benefício de Salvador. “Foi determinante o papel do governador Wagner para que a conversa se realizasse. Existe disposição dos três para desenvolver, em conjunto, projetos importantes e prioritários para a cidade”.
Entre os desafios para a parceria está o entendimento sobre assuntos prioritários para a população, evidenciados durante a campanha eleitoral. Tanto que temas como orla marítima, infraestrutura e mobilidade urbana e saúde apareceram em ambos os encontros do futuro prefeito, com o governador em Salvador e agora com a presidente Dilma, intermediado por Wagner. ACM Neto, inclusive, foi recebido por Dilma logo após o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Sinalização de que o interesse em auxiliar a capital baiana por parte da presidente é legítimo – as duas cidades foram consideradas prioritárias do PT no cenário eleitoral, conquistando uma vitória na capital paulista e ficando no segundo turno em Salvador.
* Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 07 de dezembro de 2012