Veteranos brigam por espaço na Câmara
Nem só de jovens candidatos o horário eleitoral gratuito está recheado. Figuras conhecidas há tempos dos eleitores continuam brigando por uma vaga na Câmara de Vereadores, alguns deles como apostas de eleição certa nas urnas no dia 7 de outubro, como o ex-governador Waldir Pires (PT) e o vice-prefeito Edvaldo Brito (PTB). Apesar de serem considerados favoritos pelos adversários, os dois candidatos estão nas ruas com suas campanhas.
“Salvador está atravessando uma fase com uma administração indiferente aos problemas da cidade. A Câmara de Vereadores daqui é uma casa legislativa e política que deve merecer o nosso respeito, é a casa mais antiga do Brasil. Enquanto eu estiver com a saúde boa, vou continuar lutando pela democracia”, conta o ex-governador, que postula, pela primeira vez em mais de 60 anos de vida pública, ser vereador.
A vasta experiência, segundo Pires, será utilizada “para conversar muito com os companheiros, com cada um dos colegas, para conhecer os projetos, os enigmas e os problemas de Salvador”.
De acordo com o deputado federal Antonio Brito (PTB), a campanha a vereador do pai dele, o vice-prefeito Edvaldo Brito, segue a todo vapor pelas ruas de Salvador. “Meu pai está animadíssimo e resolveu encampar minha luta pelas creches. Acorda cedo e vai visitá-las. A campanha está muito bem”, relatou. “Esta história de já ganhou não existe. Meu pai está com santinho no bolso, pedindo votos, calçado com a sandália da humildade”, assegurou Brito.
Em busca do sexto mandato, o vereador Alfredo Mangueira (PMDB) é um dos mais antigos em atividade. “É claro que a experiência conta. A bagagem, principalmente na parte legislativa, é um diferencial, pois um vereador tem que conhecer os trâmites dos projetos e como funciona a casa”, relata.
Segundo o edil, a cada legislatura, é possível ampliar o aprendizado. “Os novos quando entram trazem suas próprias experiências e assim vamos construindo a Câmara”, comenta.
Para ele, ser experiente não é uma grande vantagem estando na Casa. “Na hora de votar, não é uma vantagem. Todos os votos são iguais. Mas na hora de apresentar projetos, a experiência conta”, ressalta.
Partido que congrega outros experientes, o PMDB possui ainda duas figuras icônicas dentro da atual composição da Câmara. Pedrinho Pepê e Sandoval Guimarães tentam manter a vaga no Legislativo. Pepê está no quarto mandato e usa a estratégia de “vereador comunitário” para permanecer ocupando uma cadeira.
“Além de fiscalizar o Executivo, o vereador tem que votar e aprovar projetos dos próprios vereadores. Nenhum vereador pode executar obras, mas para indicar projetos ao Executivo é interessante conhecer o processo”, destaca o peemedebista. Para ele, ser jovem ou experiente “não tem vantagem, nem desvantagem”.
Sandoval Guimarães, outro antigo frequentador do Paço Municipal, é candidato a reeleição para o sexto mandato, assim como Mangueira, e concorda com a opinião do companheiro de Legislativo sobre a importância de ser experiente. “É como num time de futebol, com uma mescla entre jovens e experientes, a equipe vai longe”, comparou Sandoval.
Ele, entretanto, indicou qual o principal desafio para quem está chegando agora. “O novo demora um tempo para aprender, então tem alguns projetos que a experiência ajuda. Conhecer a máquina e a estrutura governamental de Salvador é um ponto”, completa. O vereador sugere ainda alternativas para ampliar a participação dos jovens na Câmara.
* Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 1º de outubro de 2012