Campanhas dos prefeituráveis têm emoção demais e propostas de menos
O eleitor que esperava assistir a propostas dos candidatos a prefeito já no primeiro dia de propaganda eleitoral terá que esperar um pouco mais para assistir aos programas de governo daqueles que almejam a cadeira do Palácio Thomé de Souza. A estreia dos prefeituráveis no rádio e na televisão foi marcada por depoimentos evocando a emoção dos espectadores e a apresentação daqueles que pedem votos – organizados por times ou por parcerias. As estratégias nos dois suportes, entretanto, mostraram diferenças na linguagem e no resultado final. Enquanto no rádio os programas eleitorais foram um pouco mais propositivos e menos emocionais, na televisão os candidatos puxaram a campanha para um apelo sentimental, com produções bem-feitas e uso de recursos específicos do veículo.
Com 13 minutos e 54 segundos, Nelson Pelegrino (PT) começou a propaganda com um clipe musical e sua trajetória de vida, com cenas, inclusive, da casa onde nasceu. O petista falou da sua vivência na cidade e colocou um time a seu favor. Falaram a mãe, a esposa, os senadores Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB), amigos, a candidata a vice, Olívia Santana, e o governador Jaques Wagner. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também defendeu o amigo. “Quero ter você ao nosso lado para governar Salvador pela primeira vez. Eu, você, Wagner e Dilma, todos juntos por Salvador. Todos juntos com Pelegrino”, afirmou Lula, apresentado como líder do “time do povão”.
Apesar do longo tempo de exposição, a campanha do petista reservou apenas os momentos finais para falar sobre propostas. No bojo de promessas, obras já realizadas com apoio do governo federal e estadual como as rótulas do Aeroporto e do Abacaxi, o estádio de Pituaçu e a expansão da rede de saneamento para 83% das casas e o Bolsa Família.
Favorito nas primeiras pesquisas, ACM Neto (DEM) teve menos da metade do tempo de Pelegrino e, nos 5 minutos e 24 segundos que teve, também usou depoimentos de companheiros de coligação para se apresentar, entre eles os presidentes do PPS, Ederval Xavier; do PTN, João Carlos Bacelar; José Carlos Aleluia, do DEM; além do ex-governador Paulo Souto (DEM) e do deputado federal Jutahy Magalhães Jr, do PSDB. O democrata evocou ainda o tempo em a que cidade foi governada pelo grupo político que o acompanha, à época com Antonio Imbassahy, hoje no PSDB.
“Sei que em quatro anos não vamos conseguir resolver todos os problemas da cidade. Os problemas que são urgentes, imediatos e que não podem esperar, esses vamos enfrentar com coragem desde o primeiro dia. Mas também quero ser o prefeito que possa plantar sementes que vão dar frutos no futuro”, afirmou Neto, alfinetando os adversários que sugerem um eventual abandono da prefeitura em 2014. O democrata falou ainda de “pôr ordem na casa, chegar junto e fazer apenas promessas possíveis”.
Mário Kertész (PMDB) fez na televisão, pela tarde, o que a assessoria dele chamou de programa zero, reproduzindo os vídeos publicados na internet, como o gravado na convenção que homologou a candidatura peemedebista, e o clipe com o jingle da campanha. No programa da noite, o tom foi o mesmo dos adversários, apresentando o candidato e os projetos realizados por Kertész durante as duas administrações em que esteve na prefeitura, o papel exercido por ele no rádio e sua relação com a cidade. Segundo a assessoria, a ideia é apresentá-lo não apenas como um político de promessas.
Com tempo reduzido, Márcio Marinho (PRB), Hamilton Assis (PSOL) e Da Luz (PRTB) se apresentaram e foram mais incisivos com relação às propostas. A escassez de espaço, entretanto, dificultou uma análise mais apurada.
* Matéria publicada originalmente na Tribuna da Bahia do dia 22 de agosto de 2012