Por isso criaram o Zé Carioca
Para fãs da série de TV americana The Big Bang Theory – TBT, a imagem de loja de quadrinhos é bem fixa, pois Sheldon Cooper e seus amigos travam diversas discussões no espaço, enquanto buscam pelos quadrinhos prediletos, heróis da DC Comics e da Marvel, sempre. Há um episódio clássico em que Stan Lee, o criador de muitos heróis participa como Stan Lee. Além de TBT, outro clássico das telinhas americanas também possui sua loja de quadrinhos. N’Os Simpsons, Bart e Milhouse chegam a administrar ela em um dos episódios. Com essas imagens na cabeça, parti em busca de uma Comic Book Store em Moscow, a pequena cidade em que estou. E, com seus 23 mil habitantes, a cidadezinha do interior de Idaho possui a Safari Pearl Comic, bem próxima ao centro comercial dela. Depois de andar sem saber exatamente como seria o aspecto externo da loja, avistei a vitrine, exatamente como imaginei: quadrinhos, fantasias e jogos de tabuleiro.
O problema era que minha busca não era por Batman, Superman, Flash ou qualquer outro quadrinho da DC ou da Marvel. Meu único e exclusivo objetivo era avistar e comprar os quadrinhos que me fizeram iniciar o prazer pela leitura: os clássicos da Disney. Uncle Scrooge, Donald Duck e Mickey Mouse eram os objetos do meu desejo – manifestei no Facebook e chegou a sugestão de buscar a Safari Pearl Comic. Acredito que uma grande geração de brasileiros aprendeu a ler e a ter prazer pela leitura com os quadrinhos clássicos de Tio Patinhas, Donald, Mickey e de Maurício de Souza, com Mônica e sua turma. Foi assim que aos quatro, cinco anos, comecei a ler, incentivado por meu pai. E nunca falei errado como Chico Bento, como imaginam alguns incomodados pedagogos…
Entrei na loja e tentei, por conta própria, avistar algum dos personagens da Disney. O único visível na prateleira principal era Darkwing Duck, o pato atrapalhado tirado a herói que havia lido em algumas poucas histórias no Brasil e em alguns desenhos animados – e que eu nunca fui fã, sempre preferi o Superpato. Após alguns minutos, desisti de procurar e perguntei ao atendente. E eis a minha surpresa. “Não temos quadrinhos da Disney, senhor. Eu nunca vi ninguém procurar. Preciso consultar minha gerente para saber se poderíamos ajuda-lo”. “Como assim, nos Estados Unidos, onde Walt Disney nasceu, vocês não conhecem os quadrinhos da Disney”, eu pensei. E comecei a comentar que as revistas em quadrinhos com Tio Patinhas e Donald eram bem comuns no Brasil. A segunda atendente veio tentar procurar. Eram por categorias, como em TBT, todas separadas em seus sacos, porém não existiam as seções Donald Duck, Mickey Mouse ou Uncle Scrooge. Depois de uma busca pelos dois vendedores, eles desistiram e chamaram a gerente. Ela me ofereceu Darkwing Duck, mas eu insisti. “Eu quero comprar um dos clássicos, pois cresci lendo-os”, mantendo a postura. E, depois de algumas buscas, a gerente também desistiu. Foi consultar o computador, pra ver se existia alguma referência onde encontrar as revistas.
Foram angustiantes minutos. Eu parecia mais estranho do que já era. Ninguém procurava por aquelas quadrinhos, apenas eu. E eram considerados infantis demais para alguém da minha idade. Após o banco de dados dar informações mais detalhadas, a gerente avisou: “Vocês devem procurar como Disney. Estão todas juntas”. E, finalmente, numa caixa na prateleira mais escondida, achamos cerca de 10 títulos, todos antigos com as aventuras dos patos e do rato mais famoso dos quadrinhos. E o meu sorriso foi instantâneo. Adquiri cinco desses títulos e, o mais novo, era a revista Uncle Scrooge nº 400. E, pela primeira vez, li uma história da Disney com metalinguagem, recurso muito utilizado por Maurício de Souza – vou contar essa história em outro post. Com essa incursão ao universo dos quadrinhos americanos, descobri o porquê a Disney acabou criando um personagem brasileiro em seus quadrinhos, o Zé Carioca. Nós gostamos mais da Família Pato e seus amigos do que os compatriotas de Walt.

Capa da Uncle Scrooge #400
Eu tenho um exemplar do Pato Donald de 70 anos, além de um Manual que meu pai ganhou quando criança da Maga Patalógica, com capa dura, repleto de histórias.
Concordo contigo, cresci lendo os Quadrinhos da Disney e sou bem sincero em dizer que preferia eles aos da Turma da Mônica.
Ah Fernando, vou querer ver esses Quadrinhos quando você voltar pro Brasil! E por que mesmo você não comprou todos os exemplares da loja? afinal apenas 10 títulos, os valores são proibitivos? por que se não for, faço essa encomenda pra ti dos demais! ehuaheuaheuaheauh
Abraço