Acirrado o duelo de titãs da internet

Essa matéria foi escrita no primeiro dia que estive numa redação de jornal, no final de agosto de 2009. Ela nunca foi publicada, pois o editor não conseguia identificar as diferenças entre navegador e sistema operacional. O Chrome ainda era tímido e um Chrome OS tinha pouco tempo de divulgado. Amigos que trabalham na área de TI leram a matéria e não concordaram com a afirmação do editor, que sugeriu que eu deveria conhecer um pouco mais sobre computadores antes de escrever sobre tecnologia. Alguém discorda dele?

Microsoft, Google e Yahoo! participam de mais uma disputa por mercado

Os novos capítulos da batalha entre Google, Microsoft e Yahoo! estão tornando a internet um ambiente com mais acessibilidade e velocidade. A disputa mais acirrada entre navegadores e buscadores é uma cena dantesca para os usuáriosque assistem de camarote à novela e são os grandes beneficiados com a briga. Utilizado por 9 em cada 10 usuários da internet, o Google é o líder absoluto nas buscas online, tentando atingir agora o mercado dos sistemas operacionais, dominado pelo Windows. Todo esse poderio passa, porém, a ser ameaçado com o acordo entre seus principais concorrentes, Microsoft – fabricante do sistema operacional Windows – e Yahoo!.

Prestes a completar um ano, o navegador Chrome do Google, detém pouco mais de 3% do mercado mundial de usuários. O embate ganha agora um novo rumo, com o anúncio, no último mês de julho, do sistema operacional Chrome OS, uma plataforma de código aberto semelhante ao browser do Google.

Após o anúncio, a Microsoft acelerou o acordo com o Yahoo!, que entrará em vigor a partir do início de 2010, e utilizará o sistema Bing de buscas da Microsoft com os anúncios de publicidade do Yahoo!. Trata-se da junção da tecnologia de Bill Gates – maior bilionário do mundo segundo a lista da revista Forbes e o know-how do Yahoo! na qualidade do mapeamento das informações disponíveis na rede.

A grande sacada dos americanos Jerry Yang e David Filo quando criaram o Yahoo! em 1994 foi permitir que os usuários realizassem buscas por temas mais específicos, utilizando o rastreamento a partir de palavras-chaves indicadas nos códigos fontes dos websites, permitindo velocidade e qualidade das informações obtidas, além da possibilidade de cada proprietário de site inserir uma descrição na própria base de dados. O Google, fundado cinco anos depois pelos também americanos Larry Page e Sergey Brin, passou a utilizar um cruzamento de informações para que os resultados das buscas fossem mais rápidos que os concorrentes e com índices de relevância a partir de cálculos matemáticos por quantidade de buscas e citações até hoje um dos poucos segredos da companhia.

DUELO DE TITÃS A disputa entre os dois gigantes da internet, Google e Microsoft, deverá produzir benefícios aos usuários de PCs e de internet. Enquanto o Google anuncia entrar no nicho habitual da Microsoft – o sistema operacional Windows é mais utilizado do mercado -, a Microsoft propõe um acordo com seu principal concorrente da década de 1990, o Yahoo!, em busca do filão da publicidade dos buscadores online, onde o Google tem cerca de 90% das pesquisas.

“Temos duas tendências no mercado: a primeira utilizada pela Microsoft é adequar seus sistemas à tecnologia desenvolvida pela própria empresa. Já o Google, adequa seus produtos às necessidades dos usuários, através do código aberto, numa plataforma com o mesmo núcleo do Safari, navegador da Apple e considerado uma das melhores performances entre os navegadores disponíveis no mercado”, indica o analista de TI da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia Grinaldo de Oliveira. “Utilizar as experiências dos usuários para a melhoria dos programas é um dos trunfos do Google que a Microsoft foi obrigada a aprender a usar para não ficar para trás na corrida”, comenta o analista.

O homem da Apple, Steve Jobs, permanece distante da disputa pelo mercado de navegadores e buscadores. Alguns de seus produtos, como os populares iPod Touch e iPhone, inclusive, passaram a utilizar a plataforma de Page e Brin para busca na internet, uma indicação que a empresa da maçã mordida se preocupa com design e desempenho para os clientes familiarizados – e fidelizados – com a marca.

A Microsoft enfrenta ainda a barreira do Conselho Econômico da União Européia que obrigou a empresa a permitir que os usuários do Windows 7 – último lançamento, ainda em testes – escolham qual o navegador será padrão para acesso à web, uma tentativa de reduzir o monopólio do Internet Explorer (IE) as opções serão o IE 8.0, o Firefox e o Opera. Em sua versão 8.0, o IE é utilizado por 52,93% dos usuários, monopólio vigente desde que o Windows se tornou o sistema operacional mais popular do mundo.

“Com a entrada de novos browsers (navegadores), a Microsoft tende a melhorar os serviços de seu próprio navegador, como é o caso do Internet Explorer 8 que já é bem mais leve e seguro do que as versões anteriores, além de acirrar a concorrência que, por si só, traz grandes benefícios aos usuários domésticos e às empresas que dependem desses serviços”, afirma Fábio Augusto, diretor de tecnologia da soteropolitana Paragon – Soluções em Tecnologia.

GERAÇÃO NETBOOK – A ampliação das vendas de computadores utilizados para acesso à internet e recursos mínimos de edição de textos e planilhas, os chamados netbooks está tornando a disputa mais acirrada. O custo de aquisição de um mini-laptop chega a ser 50% do valor de um notebook comum e é um dos fatores que gera a expansão do produto. O sistema Chrome OS se propõe mais leve e adequado para essa geração de computadores do que as versões da rival Microsoft, ainda que o Windows 7 supere seu antecessor, o Windows Vista, em velocidade.

Oliveira aponta que o Google vem se tornando uma plataforma, melhorando o rendimento de máquinas e do acesso a serviços pelos usuários. “O Chrome caminha para um ambiente de execução na internet, onde não será mais necessária a instalação dos programas no computador do usuário, melhorando o desempenho e diminuindo a necessidade de investimentos constantes em hardwares cada vez mais potentes”, reforça.

Ainda assim, a Microsoft deverá permanecer como a grande marca dos sistemas operacionais enquanto o Google irá dominar o mercado de buscas na internet. “Vai depender da cultura do usuário, pois a partir da necessidade de cada um o sistema de buscas irá melhorar. Talvez em 10 ou 15 anos, quando houver uma nova geração de usuários, livres dos hábitos e costumes atuais, teremos mudanças significativas na internet”, conclui o analista.

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