CONSPIRAÇÃO: A próxima jogada no tabuleiro de ACM Neto

No espaço de discussão política sempre existiu espaço para teorias da conspiração. É nesse pressuposto que uma, ainda não levantada, sobre o IPTU de Salvador, deixa margem para aparecer. O prefeito ACM Neto (DEM) tenta se desvencilhar da aproximação com os setores produtivos da economia – o funesto empresariado, segundo indicações da esquerda radical – e, com isso, minimiza os efeitos de uma crítica recorrente ao seu grupo político: a direita está – e sempre esteve – defendendo os interesses econômicos dos mais favorecidos.

Voltemos a 2012, durante a campanha eleitoral. No calor das discussões, o principal adversário, Nelson Pelegrino (PT), e seus aliados atacavam o então candidato ACM Neto por defender os interesses da classe média em detrimento à classe trabalhadora. Segundo as informações que circulavam no quente debate eleitoral, ao assumir a prefeitura, o democrata trataria de excluir os mais pobres e dar mais oportunidades aos grupos mais abastados da economia – leia-se a antiga classe média e os ricos empresários.

Mas eis que, em sua primeira grande medida impopular, ACM Neto muda a planta genérica da cidade para a melhorar a arrecadação via IPTU. Cria travas para o reajuste residenciais e comerciais, mas as travas são “injustas” na concepção geral dos oposicionistas. Para não ter problemas com a classe mais pobre, o democrata amplia a faixa de isenção – reforça o estilo “pai dos pobres” tão criticado do avô – e voa em céu de brigadeiro com esse grupo social. Visando um pouco mais de emoção, inclui uma taxa de lixo mais alta que o próprio IPTU para só então, preocupado com as discrepâncias proporcionadas pelo projeto aprovado pelo governo, isentá-los. É praticamente um xeque no argumento de que não governaria para os pobres. Só que ele ainda não vencia o jogo de estratégia para se desvencilhar do estigma da direta. Ainda continuava como um legítimo representante dos oligarcas que governam o país há mais tempo do que o mais velho vivente possa contar.

A tacada de mestre foi atacar o bolso do empresariado. Lógico que o processo esquentou os ânimos. Tanto que existe meio mundo de associações (de classe, partidárias ou de grupos sociais) que prometem interpelar a prefeitura judicialmente, contra o aumento “injusto” do IPTU. Mas como tudo na política é negociável, a própria prefeitura vai encontrar uma solução, em parceria com instituições como OAB, Fieb e Associação Comercial. Os empresários vão reclamar. Afinal, esse é o papel deles. E ACM Neto vai ter construído a imagem que ele gostaria no imagético popular. O prefeito que cobrou menos dos pobres, mais dos ricos e não deixou espaço para a velha crítica da esquerda.

Parece que em 2018, caso venha a ser candidato a governador, ACM Neto vai dar muita dor de cabeça aos inveterados críticos de plantão. Ou arrumam outra fonte de críticas ou então a imagem do democrata reforçada após as “medidas impopulares” serão difíceis de combater. Se bem que, de teoria de conspiração, a política está cheia.

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