Oposição baiana aposta em novo partido
Enquanto a frustrada fusão do MD e as fundações do Rede Sustentabilidade e do Solidariedade ocupavam espaços na imprensa, o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) foi quem chegou mais perto de se tornar uma legenda regularizada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – falta apenas o voto de um ministro para definir o registro. Na Bahia, a perspectiva é que a sigla acrescente ainda mais fôlego ao grupo político capitaneado pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, que transferiu a responsabilidade de acompanhar a formação do PROS para o secretário de Promoção Social e Combate à Pobreza (SEMPS), Maurício Trindade.
“O prefeito ACM Neto está acompanhando o processo e, na reunião de hoje (ontem), sentamos com a futura presidência nacional do partido para discutir sobre o nosso grupo assumir o controle do partido na Bahia”, sinalizou Trindade, atualmente no PR, mas com sinais de desgastes claros com a sigla desde que os republicanos aderiram à base do governador Jaques Wagner. “Na próxima semana teremos uma reunião para bater o martelo sobre o partido”, adiantou o secretário que, apesar de estar articulando o controle do PROS na Bahia, não deve assumir a presidência caso seja confirmado o diretório estadual sob o espectro de influência do grupo ligado ao prefeito da capital baiana. “Há um decreto que impede que secretários assumam a direção de partidos”, lembrou o secretário.
Trindade, no entanto, ressalta que, confirmada a expectativa prevista no encontro dessa quarta-feira (11/9), a presidência da nova legenda na Bahia deve ser de algum político ligado a ele. “ACM Neto está participando da articulação, eu vim para Brasília como representante dele”, apontou o titular da SEMPS. Apesar de demonstrar positivismo na fala, ele prefere não adiantar nomes ou prever bancadas, seja na Assembleia Legislativa ou na Câmara de Salvador. “Segundo as informações que eu tive, estão conversados 20 deputados federais”, tangenciou, sem detalhar a existência de baianos no grupo além dele – Trindade está licenciado da Câmara Federal desde a posse como secretário.
Nos bastidores, no entanto, circula o dado que o PROS, na surdina, pode se tornar a maior bancada da base governista de ACM Neto no legislativo soteropolitano. A perspectiva, negada em partes por Trindade, é que os vereadores aproveitariam a janela criada pela formação de um novo partido. “Eu não conversei com nenhum vereador. A informação que tenho é que eles conversaram entre si”, sugeriu o secretário. De acordo com as informações chegadas à Tribuna, é possível que o PROS herde cerca de seis vereadores, inclusive da oposição, criando uma boa musculatura, nos mesmos moldes da tentativa não concretizada do MD e da articulação em curso do Solidariedade. “Não é hoje a prioridade atrair políticos de outros partidos”, evitou Trindade ao comentar sobre o tema.
*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 12 de setembro de 2013