Situação dos terceirizados esquenta ânimo na Câmara Municipal de Salvador
Começo dos trabalhos legislativos de um ano pós-eleitoral. Era para ser uma tarde tranquila para os 43 novos integrantes da Câmara de Salvador, com o reinício dos trabalhos após a leitura da mensagem do Executivo pelo prefeito ACM Neto (DEM), na sexta-feira (1/2). Era. Ao invés disso, os vereadores assistiram a manifestações de profissionais terceirizados vinculados à ONG Pierre Bourdieu, que presta serviços a secretaria de Educação, e a um bate-boca entre os vereadores Léo Prates (DEM) e Gilmar Santiago (PT).
Como se não bastasse o início quente, o governo amargou a primeira derrota – ainda que simbólica: o líder governista, Joceval Rodrigues (PPS) tentou de diversas formas que a sessão fosse suspensa e acabou sem êxito. A liderança do governo buscou criar uma comissão suprapartidária para acompanhar os manifestantes numa audiência com o prefeito e teve o requerimento rejeitado por oposicionistas e integrantes da própria bancada. Também em vão.
O alvo, entretanto, não era Joceval. Envolvida em uma sucessão de denúncias, a ONG Pierre Bourdieu suspendeu o pagamento dos funcionários que atuam nas escolas e creches municipais desde o mês de novembro e, até o momento, não regularizou a situação. A informação era dos manifestantes que bradavam na galeria da Câmara gritos de “fora Bacelar, fora Bacelar”. O ataque incidia contra o secretário de Educação, João Carlos Bacelar, único remanescente da administração anterior. E foram esses protestos dos terceirizados que culminaram com a discussão entre o democrata e o petista.
“O prefeito ACM Neto assumiu o compromisso de efetuar o pagamento de janeiro normalmente, até a próxima sexta-feira, e, na primeira semana de aula regularizar dois dos três salários em atraso. O vereador Gilmar Santiago sabia disso e monta com assessores esse tipo de ação. Eu tomei um susto”, relatou Léo Prates. Segundo ele, a iniciativa pareceu utilizar do sofrimento dos terceirizados para chamar a atenção da população e da imprensa. O clima entre ele e Gilmar esquentou ao ponto de dedos em riste darem lugar a civilidade esperada.
“Ele está chegando agora e não tem nem argumentos. É um absurdo o que a prefeitura está fazendo com os trabalhadores. São quatro meses. Só estão cobrando o que têm direito. O decreto de Neto que impede o recebimento dos salários é criminoso”, contra-argumentou o petista com o site Bocão News. Procurado pela reportagem, Gilmar não atendeu às reiteradas tentativas.
*Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 05 de fevereiro de 2013. Reprodução autorizada desde que citada a origem da matéria.