Cortejada, Eliana Calmon descarta entrar para a política
Consolidada como um dos nomes responsáveis pela aproximação do Judiciário com a sociedade, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon descartou qualquer possibilidade de migrar da carreira de magistratura para o meio político como ven sendo cogitado na imprensa nacional. Sem ressalvas, a ministra que comandou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com mãos aguerridas assegurou à Tribuna que, depois que se aposentar, vai se dedicar a outras atividades, mas que a política não está nos planos. “A minha ideia é me dedicar a uma ONG ou em atividades de combate à corrupção”, defendeu Eliana à reportagem.
O nome da ministra como opção política de partidos na disputa pelo governo da Bahia voltou à tona após um encontro com a bancada do PPS na Câmara Federal, que, segundo ela, tratou apenas de “amenidades”. “O PPS tomou a iniciativa de me indicar pela segunda vez para a medalha do Mérito Legislativo e me convidou para um café da manhã. Como no dia da medalha eu não pude ir, fui ontem (quarta-feira), até porque eu tenho interesse, como presidente da Enfam [Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados] de conseguir uma comenda para a escola”, explicou Eliana. Segundo ela, a conversa sobre eventuais pretensões políticas não passou de uma brincadeira do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), líder do bloco PV/PPS no Legislativo: apenas uma consulta informal para se filiar ao PPS quando deixasse a toga de lado.
“Ele me perguntou quando eu me aposentaria. Eu respondi que em setembro de 2014, quando acaba meu período na Enfam. Então, o deputado falou, em tom de brincadeira: ‘Queremos que a senhora se lembre que nós fomos os primeiros a convidá-la para se filiar ao partido’. Apenas isso”, relatou a ministra do STJ. Conhecida pela forma dura como criticou o funcionamento do Judiciário – até então o Poder da República mais fechado a críticas –, Eliana Calmon abriu uma crise com entidades de classe da magistratura quando, na presidência do CNJ, falou da existência de “bandidos de toga”.
Prestes a completar 68 anos, a ministra prevê a aposentadoria em setembro de 2014. Caso optasse por uma carreira política, a desincompatibilização teria que acontecer em março do mesmo ano, hipótese refutada pela ministra. “Política é para profissionais da política. Eu sou uma magistrada. Eu não tenho perspectiva de mudar isso”, garantiu. Mesmo negando a pretensão, a ministra aparece como uma opção para partidos de oposição, alimentada especialmente pelo perfil de moralidade encarnado por Eliana na época em que esteve à frente do Conselho Nacional de Justiça.
O presidente estadual do DEM, José Carlos Aleluia, entretanto, nega que tenha havido qualquer tratativa sobre a indicação de Eliana para a candidatura ao governo da Bahia. “Nunca tratamos desse assunto. Tenho um respeito muito grande por ela, mas jamais conversei sobre isso na presença ou na ausência dela”, afirmou Aleluia, citando que a amizade entre ambos é de longa data.
Na opinião do deputado federal Lúcio Vieira Lima, presidente do PMDB, “ainda é cedo para falar da eleição de 2014”. “Eliana Calmon é uma pessoa que honraria qualquer partido caso fosse candidata, mas não discutimos sobre isso. Ela é uma figura que tem muitos serviços prestados à Bahia e ao Brasil”, indica o peemedebista, sem negar a hipótese de uma candidatura da ministra.
* Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 30 de novembro de 2012