Troca de acusações entre ACM Neto e Nelson Pelegrino eleva tensão de debate
O clima ficou pesado, nessa segunda-feira (22/10) desde o início do debate entre os candidatos a prefeito de Salvador promovido pela Record Bahia. ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT) trocaram farpas, acusações e houve um princípio de bate-boca entre os prefeituráveis, registrado pela primeira vez nos embates televisivos.
Na disputa para ver quem merece o voto dos eleitores, os candidatos travaram uma batalha à parte, acusando-se mutuamente para saber quem mentiu mais ao longo da campanha – a provocação começou com o democrata, porém o petista foi no mesmo ritmo, transparecendo a tensão entre os adversários.
Enquanto a primeira pergunta, feita pela mediadora Adriana Reid, foi um aquecimento, a partir de uma questão sobre sustentabilidade e desenvolvimento urbano, relacionada ao crescimento e expansão da Avenida Paralela, os ataques foram diretos.
Ao ser acusado de copiar propostas do petista, ACM Neto partiu para defesa do próprio projeto, dizendo entender “que o senhor [Pelegrino] não tenha lido o plano de governo, mas está lá”. Pelegrino retrucou, citando os oitos anos do governo de Antonio Imbassahy (PSDB, ex-PFL) e quatro anos de João Henrique (PP, ex-PMDB), e partindo para a recente insinuação de que o Democratas ingressaria no Supremo Tribunal Federal contra o Código Florestal. “Espero que o estoque de mentiras do candidato acabe”, respondeu Neto. “Eu não vou aceitar isso”, bradou o petista. Na confusão, as provocações eram em torno do nervosismo dos candidatos, cada um tentando capitalizar o destempero do adversário para o próprio benefício.
Na baila, Pelegrino chamou o adversário de candidato “denorex” – “se apresenta como novo, mas representa o velho” – e trouxe a nomeação de Cláudio Tinoco (DEM) para presidente da Saltur como uma das comprovações que João Henrique é “o prefeito de ACM Neto”. Ele falou também sobre as “mentiras da campanha” do adversário.
“O seu secretário [Cláudio Tinoco] foi incompetente”, afirmou o petista, referindo-se ao excesso de lixo e às condições de iluminação e dos pontos turísticos da cidade. “Quem entende de incompetência e fracasso é o senhor”, rebateu Neto, citando o período em que o adversário esteve à frente da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos.
Quando a pergunta foi sobre o tratamento que seria dispensado por Pelegrino aos servidores públicos municipais, sobretudo os professores, caso houvesse uma greve, o ataque foi direto. “Fracassado é você”, indicou Pelegrino, trazendo episódios do passado como a invasão à Faculdade de Direito da Ufba.
A visita da presidente Dilma também foi assunto do debate, com o uso do discurso dela para auxiliar na construção da imagem dos candidatos. Enquanto Neto brigou para desconstruir o alinhamento, Nelson utilizou a fala para reforçar a necessidade da sintonia. Ao final desse questionamento, o debate passou à fase da disputa para ver quem mentia mais, para discutir quem era mais “prepotente e arrogante”.
Propostas ficam de lado
Assim como na primeira parte do debate, no segundo bloco os candidatos trocaram a discussão de propostas para partir ao ataque. Logo no retorno do confronto, ACM Neto culpou o governo estadual e o PT pelo estado de insegurança da Bahia, afirmando que Salvador é uma das cidades com os piores índices de criminalidade do país.
Ao falar de suas propostas para o setor, Neto questionou se seu adversário pretendia manter as mesmas ações que o governador Jaques Wagner. Em sua resposta, Pelegrino afirmou que a atual situação era uma herança de 30 anos da gestão do então PFL, que não investiu em questões sociais. Em seguida, Nelson citou a violência em São Paulo, governada por tucanos.
Ao ser questionado sobre o tratamento que será dado aos ambulantes, o candidato do DEM disse que não iria perseguir os trabalhadores do comércio informal e que campanha do PT havia sido marcada por “inverdades”, como a de que iria retomar com o rapa. “Se tem alguém que está mentindo aqui é o senhor. O seu grupo político reprimiu não apenas os ambulantes, como demitiu servidores e sempre tratou de maneira violenta os movimentos sociais”, completou Pelegrino.
Ao se confrontar diretamente, ACM Neto voltou a questionar sobre a possibilidade de retaliação pela presidente Dilma e o governador Wagner, caso fosse eleito. Em resposta, Pelegrino lembrou que o democrata era contrário ao Bolsa Família, chamado de ‘bolsa esmola’.
“Vamos cadastrar 22 mil famílias ao programa e buscar mais 22 mil através da parceria com o governo federal”. Ao pedir para Pelegrino “parar de mentir”, Neto lembrou que o ex-senador ACM criou o fundo que originou o programa de transferência de renda.
ACM Neto perguntou ainda a opinião do petista sobre o julgamento do mensalão e apontou a condenação de Delúbio, José Dirceu e outros aliados do PT. “Eu quero perguntar para você o que isso tem de relevância para o debate da eleição municipal”.
O prefeiturável relembrou seus anos de vida pública. “Eu tenho uma vida limpa”, afirmou. O petista também apontou a autonomia do Judiciário como um avanço. Nos minutos finais (no último bloco), cada prefeiturável defendeu seus projetos e propostas para a cidade.
* Publicada originalmente na Tribuna da Bahia de 23 de outubro de 2012
Esse é o Jogo, ACM Neto tem um telhado de vidro, quanto a Pelegrino é uma aposta. Imagino que quem entrar vai pegar um rabo de foguete, até porque JH está deixando um “trabalho” a ser feito para o próximo que vier!