ACM Neto e Pelegrino vão ao ataque
As despretensiosas homenagens aos professores, no começo da estreia dos programas eleitorais do segundo turno das eleições 2012, mostraram o acirramento da disputa entre ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT), que deve se repetir até a antevéspera dos eleitores soteropolitanos irem às urnas novamente.
Enquanto o democrata, menos de 1 ponto porcentual dos votos à frente de Pelegrino, atacou a greve de 115 dias dos profissionaisde ensino da rede pública estadual, com a fala de uma docente, o petista golpeou usando duas professoras comparando os salários da categoria há seis anos, quando o PT assumiu o Palácio de Ondina. No resumo da premiere, o pré-programa deu o tom para os próximos dias do embate entre os polos PT e base aliada versus DEM-PSDB e oposição.
Quem acompanhou o horário eleitoral gratuito do primeiro turno e o programa que demarcou o início da segunda fase notou uma grande diferença. Mesmo os jingles, que reforçavam, principalmente, o número dos candidatos, sofreram modificações substanciais e devem brigar para grudar na cabeça da população, especialmente dos eleitores que não optaram por nenhum dos dois candidatos que disputam o segundo turno no dia 28 de outubro. Na batalha travada entre ACM Neto e Pelegrino, pouco se viu de propostas.
Apenas uma rápida pincelada sobre o que já fora apresentado na primeira etapa, sem aprofundamento. Sobrou espaço para alfinetadas diretas – e diversas indiretas – e um pouco de pimenta para esquentar o debate, morno até bem pouco tempo. “O Bolsa Família nasceu do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, idealizado pelo senador Antonio Carlos Magalhães. Eu sou autor de um projeto na Câmara que reajusta anualmente o benefício, como é com o salário mínimo”, afirmou ACM Neto, utilizando imagens de um “comício improvisado”, no Campo do Lasca, em Massaranduba.
A reação do democrata mostrou a preocupação com a informação de que ele reduziria o alcance do programa federal, situação ventilada desde o primeiro turno. Completando, ACM Neto prometeu ampliar o Bolsa Família, proposição também presente no projeto de Pelegrino. Ou seja, a final do duelo de deputados federais será decidida em pequenos detalhes. E um detalhe importante para essa segunda etapa é a quantidade de abstenções e votos brancos e nulos no último dia 07, 34,16% do total.
“Agora você que está indeciso, chegou a hora de comparar melhorcada trajetória, cada proposta e decidir realmente quem está mais preparado”, apostou Pelegrino, buscando angariar esse filão de votos. Nesse ponto, o programa do petista encarnou o papel de quadro comparativo e colocou lado a lado ACM Neto e Pelegrino, no que os marqueteiros batizaram de “experiência política”.
Enquanto o petista aparece como “parceiro de Lula e Dilma”, o democrata surge associado a Fernando Henrique Cardoso, a José Serra e ao ex-governador Paulo Souto. Além de criticar ACM Neto indicando que ele “pouco fez pelo povo”, com Pelegrino citado como co-responsável por “melhorar a vida dos brasileiros”.
Mantendo a postura mais incisiva nas críticas, a campanha do petista voltou a associar o adversário ao atual prefeito, João Henrique.
Com direito a imagens de 2008, em que ACM Neto aparece ao lado do comandante do Palácio Thomé de Souza e do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Na legenda, o texto: “Olha quem está junto de novo: a mesma turma que elegeu João Henrique em 2008”.
* Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 16 de outubro de 2012