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Depois da participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comício realizado na Praça Castro Alves, a campanha de Nelson Pelegrino (PT) ganhou um reforço de luxo na corrida pelo Palácio Thomé de Souza. No horário eleitoral de segunda (17), a presidente Dilma Rousseff fez a primeira aparição de apoio ao projeto petista na capital baiana e, de acordo com informações dos bastidores, analisa a hipótese de estar em Salvador, pelo menos no segundo turno. “Por enquanto, será do jeito definido pela presidente Dilma. A presidente comunicou que iria participar com um vídeo de apoio e nós o recepcionamos muito bem. Não há previsão sobre outra participação”, relatou à Tribuna o senador Walter Pinheiro (PT-BA), coordenador da campanha de Pelegrino.

Nesse primeiro momento, Dilma mostrou que há o empenho por parte dela em respeitar as relações com aliados políticos, como é o caso do PMDB, do vice-presidente Michel Temer, que possui candidatura própria em Salvador, com o radialista Mário Kertész. Mostrando conhecimento da situação da capital baiana, a presidente falou sobre a relação dela com Pelegrino e sobre o projeto petista, liderado nacionalmente por ela. “Essa cidade tem uma oportunidade histórica. Tenho certeza que, com Nelson, Salvador vai aproveitar os projetos que já estão em curso no governo federal e estadual. Nelson e eu ajudamos na elaboração do projeto político quando Lula foi eleito e é um dos deputados mais atuantes que conheço”, disse no pronunciamento para a televisão.

De acordo com Pinheiro, não existe qualquer tipo de pressão ou conversa para que Dilma participe da corrida eleitoral em Salvador. “Não vamos criar uma zona de atrito sem necessidade. Não houve qualquer pedido, nem do ex-presidente Lula como disseram, para que ela viesse a Salvador”, apontou. “A decisão está vindo de lá para cá. A presidente analisa o impacto na relação com os aliados e ela está corretíssima em fazer isso”, indicou Pinheiro, que frisa que a participação de Dilma tem sido produzida por uma equipe do PT nacional, sem relação direta com coordenações de campanha. Além de Salvador, a presidente gravou também mensagens de apoio a Fernando Haddad, em São Paulo, e Patrus Ananias, em Belo Horizonte. “Ela escolheu as cidades, mas não sei dizer quais foram”, afirma o coordenador da campanha de Pelegrino.

Para o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, o apoio de Dilma apenas por meio de vídeo era esperado. “A presidente não está participando da campanha em lugar nenhum. A eleição em Salvador é uma eleição nacional e uma disputa entre o projeto do PT e o projeto ‘demo-tucano’ (sic). A cidade vai decidir se vai continuar no caminho que o Brasil está ou vai voltar para o projeto do DEM e do PSDB”, citou.

Dentro do PMDB, partido que compõe a chapa com Dilma no Executivo nacional, a recepção da participação dela na campanha de Pelegrino não foi recebida com surpresa ou indignação. De acordo com um dos principais nomes da legenda na Bahia, Geddel Vieira Lima, não cabe à sigla comentar uma opção da comandante do Palácio do Planalto.

“A presidente é soberana nas decisões políticas que toma e não há comentário a se fazer. Agora da mesma forma que nós respeitamos a decisão dela, deve haver o respeito pelas decisões políticas do PMDB”, explicou o vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. Nas entrelinhas, percebe-se certa insatisfação, que pode culminar com o apoio à candidatura de ACM Neto (DEM) num eventual segundo turno, hipótese ainda rechaçada por Geddel. “Não faço política de chantagem. O vice-presidente Michel Temer já esteve aqui no início da campanha e também gravou um vídeo de apoio a candidatura de Mário. Não falo sobre segundo turno antes do dia 07”, frisou o peemedebista.

*Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 19 de setembro de 2012.