Candidatos viram diversão para eleitores
“Horário reservado para a propaganda eleitoral gratuita”. Pode até parecer que é sério, mas para parte do eleitorado soteropolitano, a propaganda eleitoral veiculada no rádio e na televisão está mais próxima de um programa humorístico do que para o fim determinado pela legislação brasileira. E o esforço para reconhecer que, ao invés de um horário, os espectadores acompanham um “hilário” eleitoral não é muito. A começar pelos nomes dos candidatos.
Já pensou em votar em “Chapeuzinho”? É assim que o candidato a vereador Ailton Catarino (PHS) se apresenta nas urnas. E ele não é o único postulante a uma vaga na Câmara com nome pouco usual. Tem para todos os gostos: Mil Koisas, do PMDB, Cajcarlão é o Cisco, também do PHS, Bilu, do PRP, Cal Me Ajude, do DEM, e Porreta da Mata Escura, do PSDB. Os dois últimos, Cláudio Bispo Silva e Edson da Silva Barbosa, são dois exemplos já clássicos dos usuários da rede social Twitter quando aparecem no ar. Afinal, os nomes são emblemáticos numa cidade como Salvador, com suas idiossincrasias que se resumem num “tu du du du pá”, bordão do cantor Compadre Washington, do É o Tchan!, que também tenta uma cadeira de vereador, pelo PSL – citado como cômico até pelo número, terminado em 171, referência, na opinião dos internautas, ao artigo da Constituição Federal que trata do crime de estelionato.
Uma coisa é certa na capital baiana. Eleitor nenhum pode reclamar de desconhecer os candidatos. Ou ao menos os nomes deles. Nessa conta nota-se Careca, Maradona, Xuxa, Barbi (sic), Mano Braw (sic), Babalu, Lula e Didi. Nenhum deles, entretanto, é correspondem aos homônimos dos campos, da música, da política ou da tevê. São candidatos que usam como estratégia de marketing uma alusão a personagens ou pessoas. E, para não deixa-lo de fora, o ícone dos filmes de terror brasileiro, Zé do Caixão, do PHS, que luta para ser vereador em Salvador – um xará, lógico.
Há também aqueles que deixem claro a profissão que escolheram. É assim com Galego Baleiro, do PDT, Professor Baruell, do PV, Barros o amolador, do PRB, Edson Titan Moto, do PRB, Vel da Embasa, do PHS, Binha do Bahia, do PRP, Gênis Extintores, do PTdoB, Gildo Benção do Lanche, do PSC, Baixinho Auto Peças, do PSB, Jaira do Combate a Dengue, do PSOL, Pinheiro do Sindicato, do PT e Bira Metarlúgico, do PCdoB. Isso sem esquecer daqueles que fazem do carnaval de Salvador uma das maiores festas de rua do planeta, Mateus, Líder dos Cordeiros, candidato pelo PTB.
Salvador também uma cidade de sorte. Tem candidato Bomba, do PTN, Bronca, do PRB, Bocão, do PMDB, Itamar, a Potência, do PTB, ou Pitbull, do PRTB. Na ausência deles, pode-se apostar em Noco Pam Pam Pam, do PPS, no Sangue Novo, do PRB, ou Coco da Kombi do Reggae, do PR. Caso nenhum deles dê jeito, por que não chamar Cissa Mulher Maravilha, do DEM? Ou o Original, candidato do PV. No circo político, até palhaço tem vez. É o Palhaço Pirulito, do PRTB.
Tem um candidato De Lua, do PTN, um Negão, do PSB, um Fusca, do PTC, e um Charuto José, do PRTB. Há quem defenda a Xanda Amiga, do PSL, ou a Mulher Perereca, do PRTB,. Caso o eleitor não goste de Bigode, do PR, tem a opção do Zé do Pêlo, do PMN. No final das contas, O Homem é Esse, do PPS, pode ser a salvação da lavoura. Porque tem Mulambo, do PRP, candidato e também um Mago do Trânsito, do PSOL. E nada dando certo, votar em Jha, do PSC, pode reservar um lugar no paraíso. Ou pelo menos no hilário eleitoral gratuito, que diariamente chega aos eleitores pelas ondas do rádio e da televisão.
* Publicado originalmente na Tribuna da Bahia de 13 de setembro de 2012